Cultivares

Geadas congelam frutas no pé e podem afetar produção de pêssego

Produtor e pesquisadora dizem que efeitos só poderão ser medidos nos próximos dias

Foto: Divulgação - O clima não tem sido generoso com a cultura do pessegueiro

O que os produtores de pêssego mais temiam aconteceu: duas geadas sucessivas, na madrugada de domingo e segunda-feira, resultaram no congelamento dos frutos que já estavam em desenvolvimento, nas variedades mais precoces, como a Bonão, fruta com colheita prevista para ser realizada no mês de setembro. O produtor Valério Aldrighi, já fala em perda total nas variedades precoces. Com propriedade na Colônia São Manoel, 8º distrito de Pelotas, seus pomares já haviam sofrido os efeitos de outras geadas na fase da floração, o que causou o abortamento de gemas e frutos.

Aliás, o clima não tem sido nada generoso com a cultura do pessegueiro. A estação tem alternado calor e frio extremo, inclusive com ocorrência de geadas, interferindo no ciclo das plantas, com quebra de dormência mais cedo que de costume e antecipação dos ciclos de floração e frutificação. Mais otimista, o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Pêssego (AGPP), Mauro Scheunemann, considera cedo para falar em perdas. "Mais uns dois ou três dias, lá por quarta-feira será possível dizer se os frutos queimaram ou não". Para determinar a queima, a área do caroço, que ainda não está bem desenvolvida, fica escurecida. E para isso, é preciso esperar a fruta descongelar e cortá-la ao meio..

A pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Maria do Carmo Raseira, confirma que é preciso esperar pelo menos dois dias para saber os efeitos que o frio causou nos frutos. Segundo ela, a fruta que ainda não formou o caroço é sempre mais sensível. "Em experimentos com a flor, houve boa resistência até dois graus abaixo de zero", ressalta.

Segundo ela, existem medidas para prevenir danos das geadas como aspersão de água sobre o pomar, que pode aumentar os riscos de doenças, ou ainda, em vários países são usados ventiladores de energia eólica, a fim de inverter o ar, que costuma ser mais frio em lugares mais baixos. "Depois de acontecido, é realizado o raleio da fruta, e o recomendado é que sejam tiradas primeiro as frutas de cima do ramo", diz.

Pêssego na região
O pêssego de indústria ocupa na região área de 4.874 hectares e possui um potencial de produção de 56.403 toneladas. São 948 unidades produtivas, localizadas nos municípios de Arroio do Padre, Canguçu, Cerrito, Jaguarão, Morro Redondo, Pelotas e Piratini. A produtividade média é de 11.572 toneladas por hectare.

Na fruta de mesa, a área totaliza 453,2 hectares, distribuídos em 115 unidades produtivas em Jaguarão, Pelotas, Santana da Boa Vista e São Lourenço do Sul. A produção chega a 5.373 toneladas e a produtividade média é de 11,856 toneladas por hectare. Os dados são do Censo da Fruticultura 2023, realizado pela Emater Regional.

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